Quem se deparar com um azeite brasileiro no varejo tem grandes chances de comprar um produto de altíssima qualidade. Só que o consumidor ainda não sabe, porque está acostumado a adquirir rótulos importados, principalmente de Portugal, Itália e Espanha, países com forte tradição nessa cultura que remete a um passado bastante remoto. Fenícios, gregos e romanos já cultivavam oliveiras e extraíam o suco da azeitona, chamado pelo poeta Homero (século VIII a.C.) como ‘ouro líquido’.
Essa viagem no tempo é tão longa que soa estranho dizer que no Brasil a produção começa apenas no século 21. Embora bem novatas na área, algumas marcas nacionais já conquistaram medalhas e reconhecimento no exterior. Até 2020, a estimativa é termos 10 mil hectares de oliveiras plantados em solo brasileiro. Ainda muito distante da Espanha (2,6 milhões), Itália (1,08 milhão) e Portugal (351,7 mil). A produção de azeite nacional representa menos de 2% do consumo do brasileiro.
Empreendedor 24 horas por dia, Luiz Eduardo Batalha descobriu nesse pequeno fruto verde uma fonte de energia para seus negócios. Responsável por impulsionar o mercado de gado Angus ao Brasil, ele se mudou para o Rio Grande do Sul e virou um verdadeiro gaúcho.
Sua fazenda fica em Pinheiro Machado, município a 60 quilômetros do Uruguai, região de forte vocação pecuária. É ali que passa o Paralelo 31 do Hemisfério Sul, que também cruza o Chile, Argentina, Nova Zelândia e África do Sul.
Certo dia, ao visitar a fazenda da família Miolo, Batalha se deparou com 3 hectares da plantação de olivas, iniciativa não levada adiante pelo produtor de vinho. “Foi um choque quando vi aquelas árvores dando frutos”, continua. Logo ele, que não bebe vinho e estava totalmente focado na agropecuária.
A partir desse momento, ele começou a viajar, estudar e a plantar em espaço até então não aproveitado na fazenda. “É uma área que nem vaca vai, solo perfeito para as ovelhas, que cortam o capim como tosadeiras. Depois de uns quatro anos da plantação, quando as árvores estão maiores, as ovelhas ficam por ali cuidando e adubando a terra”, lembra.
O solo pedregoso, os dias quentes e as noites frias são componentes ideais para o terroir de uvas e olivas. “Onde tem vinho, tem azeite”, explica. Sua plantação atualmente atinge 500 hectares, um belo bosque com árvores medindo 3,5 metros de altura. Na colheita deste ano, realizada em fevereiro, foram alcançados 540 mil quilos de azeitona. Esse momento tão especial reúne toda a família: esposa, três filhos e cinco netos. “Tenho 72 anos e comecei a plantar oliva há apenas nove. Esse é um negócio para durar 200 anos, portanto, caberá a eles seguirem adiante”.
Para chegar até aqui, com oferta de quatro blends diferentes, foi preciso também importar técnicos de outros países a fim de absorver conhecimento e experiência. Batalha é fã incondicional da John Deere, e se utiliza de cinco tratores nessa plantação, utilizados desde o momento de gradear a linha de plantio até a colheita.
Na John Deere, também podemos encontrar pessoas apaixonadas (e muito) por azeites de oliva. É o caso do Thercio Freitas, que desde muito cedo esteve ligado ao setor produtivo pelos laços familiares e atualmente produz azeite de oliva e pecuária de corte (bovinos e ovinos) na região de Caçapava do Sul. Agrônomo de formação, ele ingressou na John Deere em 2008, na fábrica em Montenegro (RS), como especialista de tratores. Atualmente, está na área de Marketing Estratégico e de Produto para o segmento de Pecuária.
A Fazenda Lanceiros é centenária, desde a época de seu bisavô, mas a olivicultura é mais recente. Tudo iniciou em 2005 quando seu pai plantou a primeira árvore de oliveira. “Apenas para fazer um teste de adaptação”, comenta. O resultado inicial foi satisfatório e logo ganhou escala. Hoje, são 12,5 hectares, cerca de 3 mil pés e com perspectivas de aumentar ainda mais a área.
A primeira produção do azeite de oliva, Alma do Segredo, foi seis anos após a implantação do primeiro pomar, em 2012. O nome remete à localidade do Vale da Pedra do Segredo, onde se encontra a fazenda. O pomar está em meio a uma cadeia de montanhas com um microclima característico que confere ao azeite um terroir específico da região. “Ainda hoje há muito o que aprender para aumentar e estabilizar produtividade, mas a qualidade do azeite está excepcional”, assegura.
Ao contrário do vinho, o azeite precisa ser fresco para ter boa qualidade. E não é exatamente isso que se encontra nas gôndolas dos supermercados. Ao vir de navio para ser, muitas vezes, envazado no Brasil, o produto sofre com temperaturas inadequadas e má conservação. “Quando chega na mesa do consumidor já perdeu muitas propriedades iniciais. Essa é uma grande vantagem do azeite nacional, que já está no mercado dois meses depois da produção”, diz. Isso sem falar das fraudes, realidade muito comum e difícil de ser resolvida. “Dizem que há mais azeite de oliva disponível no mundo do que a capacidade de produção dos olivais”, lamenta.
A família de Thercio Freitas planeja aumentar a produção, mas sem perder o toque artesanal. Sua produtividade encontra respaldo no trator John Deere 5075E, fundamental para ajudar na adubação, pulverização, roçadas, limpeza de canais de drenagem e transporte na colheita.
Em um cenário ideal, uma árvore pode produzir em torno de 40 quilos em estágio de plena produção, cerca de 10 anos após o plantio. Atualmente, algumas plantas chegam a produzir cerca de 15 a 20 quilos no máximo, média bem mais baixa devido à idade do olival. “O tempo entre a colheita e o processamento é chave para o frescor e baixo nível de acidez do azeite. Por isso, queremos continuar a colher a azeitona com as mãos, com muito cuidado, evitando danos aos frutos e selecionando aqueles com o ponto ideal de maturação, bem como ter um processamento mais rápido”, explica.