O sol naquela tarde de agosto não estava para brincadeira. Mas isso não era problema para o grupo que estava visitando a fábrica de Construção da John Deere, em Indaiatuba (SP). A unidade conta com ampla área para testes e demonstrações dos equipamentos – e esse costuma ser o ponto alto das visitas, com manobras, máquinas subindo, máquinas descendo e exibindo todo o seu potencial.
Foi nesse contexto que a equipe de Comunicação da John Deere encontrou um visitante vindo de bem longe. Era Lailson Pinto Silva, que estava pela primeira vez no Estado de São Paulo. E sua história começa lá no Pará, mais precisamente em Paragominas.
“Prevenir hoje para não ter de reprimir amanhã.”
Lema do projeto Menino Feliz
O município tem mais de 110 mil habitantes, o que a coloca na 284ª posição entre mais de 5,5 mil municípios brasileiros. São 300 quilômetros até a capital, Belém, mas a cidade também está coladinha com outro Estado, o Maranhão. Foi ali que Lailson cresceu. Quando ele tinha oito anos de idade, apareceu uma novidade. Sua mãe ficou sabendo de algo que parecia interessante: era um lugar que oferecia diversas atividades gratuitas para as crianças e jovens. Levou o filho, e o pequeno se encantou com o lugar. Assim, Lailson descobriu o projeto Menino Feliz.
O programa é uma iniciativa da Polícia Militar, com o apoio de algumas empresas locais. A ideia era proporcionar atividades de educação, cultura e esporte para crianças e jovens durante o contraturno escolar. A iniciativa é uma forma de prevenir a exploração do trabalho infanto-juvenil e promover inclusão e bem-estar social, além de prevenir que os jovens fiquem nas ruas expostos à criminalidade.
As atividades também são estendidas aos familiares dos jovens atendidos e incluem temas dos mais diversos: reforço escolar, artes plásticas, música, educação religiosa, artes marciais, higiene, combate a incêndios, técnicas agrícolas, educação ambiental, informática e até primeiros socorros.
Conforme crescia, Lailson foi tendo contato com outros tipos de aula no Projeto Menino Feliz. Uma delas, especificamente, foi muito importante: ele começou a mexer em um simulador de máquinas de construção. Isso era possível porque um dos apoiadores do projeto era uma empresa chamada Traterra.
O caratê era algo que me ajudava a esquecer o mundo lá fora”
Lailson, sobre sua aula preferida no projeto Menino Feliz
A Traterra é uma empresa dedicada às atividades de terraplanagem, construção civil, reflorestamento e mineração. Por conta disso, tem uma frota bastante extensa de maquinário. Com uma forte orientação para o desenvolvimento da comunidade local, a empresa apoia o Projeto Menino Feliz e prioriza seus participantes na hora de contratar aprendizes. E foi assim que Lailson, que já havia se interessado pelo maquinário, foi contratado pela empresa – a princípio como aprendiz e posteriormente efetivado no almoxarifado, na parte de controle logístico de máquinas.
Ter participado do Projeto Menino Feliz foi algo transformador na vida de Lailson. Ele viu sua vida se desenvolver e pôde trilhar um caminho bastante diferente de muita gente da sua idade na região. Seu desenvolvimento fez com que um grande sonho fosse realizado: Lailson hoje estuda Direito – e seu grande objetivo é ser juiz federal. A gratidão que ele sente pelo programa lhe proporcionou um desejo de retribuir: ele já foi voluntário do Programa Menino Feliz e hoje faz parte de uma organização chamada Ordem DeMolay, uma entidade dedicada a práticas filantrópicas.
A visita de Lailson à fábrica de Indaiatuba foi um treinamento oferecido a clientes da Deltamaq, distribuidor da John Deere na Região Norte. Quando a área de Comunicação o encontrou, inclusive, ele estava no meio da aula prática, mexendo em um trator de esteira. O rapaz fez uma pausa na atividade para nos contar sua história. “Foi uma das melhores experiências da minha vida. Conhecer outros lugares é sempre bom”, conta.
“Gostei muito de ver como a fábrica funciona, principalmente a linha de montagem, ver como é a fabricação, do projeto até a finalização. Foi uma experiência nova, pois eu só tinha visto as máquinas na Traterra. Foi um incentivo para eu aprender mais”. Sua estadia na cidade durou três dias. “Conhecer outros lugares é sempre bom. Uma experiência que vai ficar para sempre”. Lailson ainda é bastante jovem: tem 19 anos. Sua trajetória, porém, já é cheia de garra. “O projeto me ensinou a ter mais foco nos meus objetivos”, conta. E força de vontade é o que não falta.
“Gosto muito da seguinte frase: vencer é uma decisão pessoal e não obra do acaso ou destino.
Lailson, que planeja se tornar juiz federal
A vida sempre nos dá vários pretextos para a gente desistir. Mas eu sempre busco uma desculpa para vencer.”